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segunda-feira, 30 de abril de 2012

A paixão, por sua conta e risco...

"Quis correr, mas as pernas não obedeciam, então deitou no piso gelado e se sentiu livre..."



O Sensato

Autor Fábrica de Chocolates

       Aquele homem. Ele poderia ter sido tão afortunado, apaixonado e adorado. Por que não escolheu outro caminho? O rosto já não destaca seus olhos azuis, profundos como o oceano - que também não é mais azul - apenas amargura e sofrer. 

       Orgulhoso... objeto de desejo de tantas. Porém, se perdeu por uma, aquela moça de fino trato e modos elegantes. Escreveu-lhe, cortejou-lhe e amou-lhe... e ela retribuía friamente à todos os seus sacrifícios. 

           Casaram-se, não tiveram filhos.

Continua...

  Sua indiferença tomava proporções colossais a cada ano que passaram juntos. Não podia mais. Ela repudiava todas suas fantasias, sonhos e planos para um futuro unidos, ofendia-o todas as vezes que lhe dava vontade, se entregava a outros homens não tão virtuosos quanto ele. Condenada perdição!

         Uma noite, despiu-se. Se olhou durante longas horas em frente ao espelho, estava muito mais cansado e sem ânimo do que imaginara. Cobriu apenas o rosto com um capuz de algodão de cor negra. Se dirigiu à sua mulher, que já não se admirava com mais uma loucura para conquistá-la. Deitaram-se, ambos estavam sonolentos. Se amaram. E caíram no sono, exaustos. 

        Seguiram semanas assim, ele sempre de capuz, somente como capuz. A mulher já não se continha de vergonha e os raros amigos desapareceram. Ninguém sabia o porquê disso, nem ele mesmo. Por trás do pequeno pano que lhe cobria apenas a face, escondia um minúsculo sorriso.

        Anos se passaram e ele foi abandonado. Foi acolhido por religiosos que o vestiram, mas ele se despia novamente. Perambulou ruas, cidades inteiras completamente nu, sem se importar com frio ou pudor.

     Adoeceu... as chagas tomavam o corpo todo e ele foi obrigado a se cobrir. Mas sempre deixava descoberta o seu órgão sexual. 
       Encaminharam-no a um asilo. Não conversava, não se vestia. 

    Um dia, tirou o capuz. E riu... riu, gargalhou até perder o fôlego... Estava lindo, jovem e alegre novamente. Quis correr, mas as pernas não obedeciam, então deitou no piso gelado e se sentiu livre... 

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